terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O Arqueiro Ancião - Capitulo 1: O mais ágil.

Era um dia quente de verão. O céu estava azul e Pêlor mandava sua benção, radiante, ardente, escaldante. Primeiro, os gritos. Depois, o choro. Em seguida, as risadas. E por ultimo, novamente, o choro.

Pêlor cansou de sua benção e o sol os deixou. E voltou. E assim o fez inúmeras vezes. Um dia as nuvens resolveram não permitir que sua benção fosse completa. Estavam abaixo dele, porém acima daqueles que receberiam sua graça. Aquele garoto era um deles, talvez um dos poucos a ficar feliz. Brincava com seus colegas e sempre vencia, era o mais ágil de todos. E o outro, sentia inveja, apesar de também ficar feliz com aquelas nuvens. Tinha inveja de sua agilidade. Tinha inveja de sua familia. Tinha inveja do arco que receberia ao tornar-se adulto.

E foi através da inveja que ele se construiu. Ele se tornou o segundo melhor. Era ágil, tinha uma pontaria excelente comparado a quase todos. Menos àquele garoto. Treinou, lutou, evoluiu. E finalmente concluiu. Jamais iria alcançá-lo. Jamais seria como ele. Então, ele desistiu.

Ainda gostava de atirar. Era mal visto por comer javalis, mas ele gostava de caçar. Rastreava com precisão sua presa, escondia-se, esgueirava e atirava. Certa vez, estava seguindo outra presa. Encontrou-a, numa clareira, logo à sua frente. Observou atentamente, notou uma árvore fácil de escalar e um local oportuno para atacar. Teve um pressentimento, mas ignorou-o. Subiu.

Aguardou um instante e sacou seu arco. Havia pego de seu pai, quando este morrera. Era um belo arco longo, com fitas coloridas amarradas e uma corda rígida que não era feita para qualquer um. Mas ele não tinha problemas com ela. A ponta de ferro cortou o ar e atravessou a carne. O sangue escorreu, o guincho ecoou, o galho rachou e o arqueiro caiu. Sentiu um osso rachando, vinha de sua perna esquerda. Depois disso veio a dor. Em seguida o grito.

O animal virou-se, furioso, insano. Corria enquanto seus olhos brilhavam de ódio. Estavam vermelhos, ou talvez fossem os olhos do observador que o estivessem. O arqueiro sacou sua espada longa, estava sentado, praticamente indefeso frente à um oponente implacavél. Os ossos bateram com o metal e a espada bloqueou um golpe que teria sido fatal. A lâmina furou o ar mas não atravessou a carne. As presas atingiram o metal e jogaram longe a espada. O que restava entre o arqueiro e a morte era apenas uma armadura de couro. Certamente não bastaria.

O barulho do metal cortando o ar novamente foi ouvido. Uma flecha passou zunindo do lado esquerdo de sua cabeça. Outra pelo lado direito. Ambas atingiram o animal. A cabeça deste atirou o arqueiro caído para o lado, avançando frente ao seu verdadeiro inimigo. Antes que chegasse e antes que o arqueiro visse, seu inimigo estava morto.

E novamente lá estava ele. Sorridente, com aquele arco. Lá estava o mais ágil, a pontaria mais precisa. Lá estava o melhor, com o prêmio. E ali, caído, ferido, estava o segundo, talvez já fosse o terceiro, quarto, já não importava. Só importava quem havia perdido. Novamente.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Barris e pessoas.

Os velhos barris foram repentinamente banhados por uma onda de ar fresco e pela luz da lua. Fazia tanto tempo que não eram tocados por nada além daquele ar parado que a sensação era estranha. Mas não era somente a lua que invadia aquele lugar que pertenceu somente a eles por tantos anos. Pessoas entravam ali, uma a uma, intrusos adentrando o calmo local. Cada um à sua maneira eles perturbavam a paz que reinara ali por anos.
O primeiro vinha com passos largos, pequenas rachaduras apareciam na madeira enquanto ele andava. Seus quase dois metros de altura eram maiores que a maioria dos barris que ali se encontravam. Os cabelos ruivos e olhos verdes moviam-se rapidamente enquanto procuravam por alguma entrada. A armadura pesada e a maça de guerra brilhavam, refletindo a luz que vinha da sua tocha enquanto o homem observava o local.
-Ei Echtz, achou alguma coisa? - Disse uma voz que vinha de trás do homem.
-Somente alguns barris, acho que o lugar está vazio, Rajid. - Disse Echtz virando-se para o dono da voz.
A voz pertencia a um homem mouro, mais baixo que o primeiro. Embora ele fosse provavelmente tão forte quanto o outro, seus movimentos não eram tão bruscos, tinham uma graça inerente a eles. Seu turbante e longa capa iam varrendo e acumulando algumas teias de pequenas aranhas que residiam no lugar há alguns anos. Mas ele parecia não se incomodar, estava preocupado procurando um modo deles prosseguirem sua jornada.
-É grandão, nada por aqui. - Disse ele a Echtz.
Logo, os barris lembravam-se de novas sensações, não somente a da luz da lua, ou a de movimentos, mãos os tocavam e moviam-os de seus lugares favoritos, perturbando-os mais ainda. Além daqueles 2 pares de mãos, alguns barris eram tocados por mãos mais delicadas. As mãos tinham uma coloração parecida com a de Rajid, mas eram mais escuras, assim como a dona, uma bela jovem de pele negra. Seus olhos, mais bem treinados que os dos companheiros, encontraram a possível saída para eles, os maiores barris do local eram ocos, e para dentro de um deles ela rapidamente foi. Subiu rapidamente com movimentos longos e ágeis, logo não era mais possível ver os curtos cabelos vermelhos, ou o longo arco que carregava nas costas, estava dentro do barril completamente.
-Pessoal, encontrei um estranho mecanismo aqui, o que há dentro do outro barril? - Perguntou ela aos companheiros.
-Encontrrei o mesmo aqui. - Disse uma voz com um estranho sotaque de dentro do outro barril.
Os barris não tinham dúvida, o dono daquela voz era certamente o mais excêntrico dos que ali se encontravam. O pesado sotaque dracônico não era percebido pelos barris, mas o grande escudo torre que constantemente esbarrava em algum deles certamente irritava. Alguns pequenos pedaços da sua roupa ficaram de lembrança para o grande barril durante a sua entrada, mas ele não se importava, a roupa já tinha seus rasgos, que muito lhe agradavam. O estranho moicano completava a extravagante aparência do excêntrico homem.
-Tente girá-lo aí para ver o que acontece Durian. - Disse à moça para o estranho homem.
-Estou girrando, Lucia, acha que consegue rresolverr isso? - Respondeu ele.
-Prontinho. - Disse ela alegremente - Podem vir pra cá pessoal, a entrada está aqui dentro.
Todos para lá se dirigiam, e em alguns instantes deixariam os barris voltarem a mesmice que tanto lhes agradava. Apenas um deles pareceu ficar para trás, o velho senhor que os acompanhava, que pareceu não dar a mínima atenção para os barris, as duas únicas coisas que mereciam sua atenção eram seu caneco, e seu javali. O arco em suas costas parecia um mero acessório visual, sem muita utilidade em caso de perigo.
-Vamos Rriver, siga-nos. - Dizia Durian para o seu primeiro companheiro de viagem.
-Ahh! - Foi a única resposta, em tom de protesto, que receberam.
Mas, apesar do protesto, o homem seguiu-os, seus longo cabelos desarrumados e roupa surrada logo deixariam o local, tornando-o mais belo, e certamente mais cheiroso. Apenas um deles passou quase despercebido por ali, os barris mal chegaram a notar o pequeno halfling que saia dali apressado com seu grande livro, capa e corvo. Não é que fosse insignificante, ele em breve provaria exatamente o contrário, mas para os barris, tudo que importa é o tamanho.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Por que eu não gosto de química orgânica

Olá. Aqui é o Turbo. E estou aqui para falar sobre a maior desgraça de todos os mestres, a maldição suprema dos narradores, o maior destruidor de linhas de raciocinio. Vou narrar uma pequena cena, para mostrar-lhes do que estou falando.

Mestre - "Ok, vocês chegam ao castelo de Astrallia. Um dos guardas da porta aproxima-se e pergunta: ' O que desejam, forasteiros'?"

PJ: "QUAL É O SEU NOME?"

Pausa dramática. Mestre fita o jogador, engolindo sua raiva. A pergunta ecoa em sua mente. "Qual é o seu nome? Qual é o seu nome? Qual? Nome? É? Nome? Nome?" e tudo que o cerébro responde, é um vazio interminavél. E assim a cena para. Todas as idéias se vão, num enorme esforço para responder a mais importante pergunta da sessão: qual é o nome do guardinha da entrada do castelo, cuja descrição foi ignorada tamanha sua importância, cuja história e personalidade são tão profundas quanto um prato raso.

Mestre - "Meu nome é Aragorn!"

Grupo em coro - "eeeeeer, fica copiando os nomes, não use esses nomes copiados, faz um nome legal pra esse cara"

Ok, o mestre pensa, que bom que não querem que eu use um nome qualquer pra esse importantíssimo antagonista da história. Lá dentro espera Nivral, o poderoso comandante da tropa, um coadjuvante com personalidade e interesses, que dará um ótimo encontro diplomático, no entanto é mais importante nesse momento pensar em um nome criativo e único para o guardinha da entrada.

Mestre - "Tá bom, Tá bom. O guarda fala: 'meu nome é... Guiguiridiguiris!"

"Pronto!" Pensa o mestre. "Todos estão satisfeitos com esse nome totalmente original para o guardinha da entrada. Agora basta esperar que eles digam que querem entrar no castelo e fim!"

PJ - "Senhor Guardinha da entrada, me diga, como andam as coisas por aqui?"

Bem, nesse momento o mestre não se importa mais com as perguntas, ou com qualquer história. Só importa que, após insistir tanto no nome, o jogador chama o pdm de "Senhor Guardinha da entrada". E a dúvida eterna irá corroer o coração do mestre. Porque? Porque ele fez aquela pergunta? Porque ele teve que perguntar... QUAL É O SEU NOME?

A conclusão disso é "da próxima vez, o castelo estará com as portas abertas e levará diretamente até quem importa."

O que? Uma lista de nomes?

HMMMMMM

naaaaaaaaaaaaaaaaaah



Turbo Segundo de Sabedoria "TSS"
"O mestre nunca está roubando. Ele está seguindo a regra de ouro"