segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Barris e pessoas.

Os velhos barris foram repentinamente banhados por uma onda de ar fresco e pela luz da lua. Fazia tanto tempo que não eram tocados por nada além daquele ar parado que a sensação era estranha. Mas não era somente a lua que invadia aquele lugar que pertenceu somente a eles por tantos anos. Pessoas entravam ali, uma a uma, intrusos adentrando o calmo local. Cada um à sua maneira eles perturbavam a paz que reinara ali por anos.
O primeiro vinha com passos largos, pequenas rachaduras apareciam na madeira enquanto ele andava. Seus quase dois metros de altura eram maiores que a maioria dos barris que ali se encontravam. Os cabelos ruivos e olhos verdes moviam-se rapidamente enquanto procuravam por alguma entrada. A armadura pesada e a maça de guerra brilhavam, refletindo a luz que vinha da sua tocha enquanto o homem observava o local.
-Ei Echtz, achou alguma coisa? - Disse uma voz que vinha de trás do homem.
-Somente alguns barris, acho que o lugar está vazio, Rajid. - Disse Echtz virando-se para o dono da voz.
A voz pertencia a um homem mouro, mais baixo que o primeiro. Embora ele fosse provavelmente tão forte quanto o outro, seus movimentos não eram tão bruscos, tinham uma graça inerente a eles. Seu turbante e longa capa iam varrendo e acumulando algumas teias de pequenas aranhas que residiam no lugar há alguns anos. Mas ele parecia não se incomodar, estava preocupado procurando um modo deles prosseguirem sua jornada.
-É grandão, nada por aqui. - Disse ele a Echtz.
Logo, os barris lembravam-se de novas sensações, não somente a da luz da lua, ou a de movimentos, mãos os tocavam e moviam-os de seus lugares favoritos, perturbando-os mais ainda. Além daqueles 2 pares de mãos, alguns barris eram tocados por mãos mais delicadas. As mãos tinham uma coloração parecida com a de Rajid, mas eram mais escuras, assim como a dona, uma bela jovem de pele negra. Seus olhos, mais bem treinados que os dos companheiros, encontraram a possível saída para eles, os maiores barris do local eram ocos, e para dentro de um deles ela rapidamente foi. Subiu rapidamente com movimentos longos e ágeis, logo não era mais possível ver os curtos cabelos vermelhos, ou o longo arco que carregava nas costas, estava dentro do barril completamente.
-Pessoal, encontrei um estranho mecanismo aqui, o que há dentro do outro barril? - Perguntou ela aos companheiros.
-Encontrrei o mesmo aqui. - Disse uma voz com um estranho sotaque de dentro do outro barril.
Os barris não tinham dúvida, o dono daquela voz era certamente o mais excêntrico dos que ali se encontravam. O pesado sotaque dracônico não era percebido pelos barris, mas o grande escudo torre que constantemente esbarrava em algum deles certamente irritava. Alguns pequenos pedaços da sua roupa ficaram de lembrança para o grande barril durante a sua entrada, mas ele não se importava, a roupa já tinha seus rasgos, que muito lhe agradavam. O estranho moicano completava a extravagante aparência do excêntrico homem.
-Tente girá-lo aí para ver o que acontece Durian. - Disse à moça para o estranho homem.
-Estou girrando, Lucia, acha que consegue rresolverr isso? - Respondeu ele.
-Prontinho. - Disse ela alegremente - Podem vir pra cá pessoal, a entrada está aqui dentro.
Todos para lá se dirigiam, e em alguns instantes deixariam os barris voltarem a mesmice que tanto lhes agradava. Apenas um deles pareceu ficar para trás, o velho senhor que os acompanhava, que pareceu não dar a mínima atenção para os barris, as duas únicas coisas que mereciam sua atenção eram seu caneco, e seu javali. O arco em suas costas parecia um mero acessório visual, sem muita utilidade em caso de perigo.
-Vamos Rriver, siga-nos. - Dizia Durian para o seu primeiro companheiro de viagem.
-Ahh! - Foi a única resposta, em tom de protesto, que receberam.
Mas, apesar do protesto, o homem seguiu-os, seus longo cabelos desarrumados e roupa surrada logo deixariam o local, tornando-o mais belo, e certamente mais cheiroso. Apenas um deles passou quase despercebido por ali, os barris mal chegaram a notar o pequeno halfling que saia dali apressado com seu grande livro, capa e corvo. Não é que fosse insignificante, ele em breve provaria exatamente o contrário, mas para os barris, tudo que importa é o tamanho.

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